sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

História da semana #79: Eu sou a voz

Voz que clama no deserto: Prepare o caminho para o Senhor, façam veredas retas para ele. Todo vale será aterrado, toda a montanha e colina serão niveladas, as estradas tortuosas serão endireitados e os caminhos acidentados, aplanados. E toda a humanidade verá a salvação de Jesus.
Isaías 40: 3-5

João Batista não foi um homem rico, não foi um herói de guerra, não foi um escritor, não era um pop star da época de Jesus, nem mesmo o Messias, ele foi a Voz que clamou no deserto.


Jebedias se aprontava para viajar, ele já viajara por toda a Judeia e Galileia, mas essa viagem seria diferente, sua mãe, Sara, estranhava a quantidade de carga que o filho levava nos sacos, parecia que uma viagem de meses se aproximava. Ela ainda não entendera o porquê do filho mergulhar nessa jornada incerta. Largar amigos, os negócios da família, a família e o conforto do lar para ir ao Jordão numa experiência arriscada. Sara sabia o motivo da viagem, mas achava que não havia razão para partir tão arriscadamente para achar o Messias. Ela e a família eram judeus, viviam em Cafarnaum e frequentavam a sinagoga, conheciam a profecia sobre o Messias, mas não dava bola, ela acreditava que o Messias viria daqui a muito tempo, mesmo que viesse naqueles dias, aquele a quem Jebedias seguia não parecia ser o libertador de Israel, não era um rei, ou um nobre, um general, era um tal de João, filho de um sacerdote chamado Zacarias, vivia no deserto, ás margens de um rio sujo, comia gafanhotos e mel e usava roupas de camelo, não era o Messias.
Mas Jebedias parecia convencido, seu coração parecia cheio de esperança de conhecer o Messias, não era por menos, Jebedias acreditava numa reforma espiritual no povo e sabia que o Messias assim o faria, era um profundo conhecedor das escrituras, lia e relia os escritos de Isaías e outros profetas sobre Emanuel, as escrituras pareciam se cumprir e o jovem sentia, João Batista era o Messias.
A jornada começou no dia seguinte, após um café da manhã reforçado feito por Sara, Jebedias partiu sem olhar para trás em busca do tal João, ele sentia um misto de temor e fé, ele sentia que dentro de semanas conheceria o Messias.
Durante sua jornada ao Jordão ele passou por desafios, acampou em cavernas, ficou muitas vezes sem comida e água, se perdeu algumas vezes, pediu informações a pessoas desconhecidas, fez amigos e conheceu vilarejos, chegou a passar apuros sendo caçado por lobos, durante a viagem formou um pequeno grupo de jovens que assim como ele buscavam o Messias, pelos mais variados motivos.
Ao avistar o rio Jordão Jebedias se encheu ainda mais de esperança, ficou nervoso, inquieto, conheceria aquele que passou tanto tempo procurando, ao avistarem uma pequena multidão peregrinando ao rio perceberam que seria difícil chegar ao Messias. Ao chegarem ao local de pregações se separaram, ficaram lá ouvindo sermões, Jebedias montou sua pequena barraca num acampamento repleto de peregrinos.
- Arrependam-se dos seus pecados, ajudem o próximo, compartilhem o que vocês tem.- Era o que dizia João, Jebedias conhecia as escrituras isso era profetizado ele tinha certeza de que João era o enviado, profetizado por Isaías. Certo dia Jebedias notou uma multidão deixando o acampamento, seria o fim das pregações, não. Ao consultar um dos que saíam Jebedias descobriu uma coisa que o entristeceu muito: a mensagem de João, promovia o reavivamento do povo, o arrependimento e a salvação, mas o povo achava muito difícil renunciar a sua vida de pecado e seguir os ensinos de João, o povo não queria ser reavivado. Dar uma parte das coisas aos pobres? Dividir tudo com os necessitados? O povo não desejava ser salvo, aquilo deixou Jebedias abatido, mas ainda assim queria conhecer João. No dia seguinte alguns fariseus e saduceus chegaram ao rio, ouviram o que João disse, mas o profeta os repreendeu, ele pregava o arrependimento sincero, não o de faixada, chamou os líderes de Raça de Víboras, Jebedias concordava com aquilo e decidiu seguir a João. Certa vez, após um dia de pregações, o jovem de Cafarnaum decidiu que precisava falar com João. Na madrugada, acordou e foi ao rio, será que João estaria ali?
Ao chegar as margens Jebedias avistou João em oração, sozinho, aquela era a oportunidade perfeita. Ao notar o visitante João se virou e disse:
- Olá.
- Olá, meu nome é Jebedias, venho de Cafarnaum.
- Prazer, Jebedias, eu sou João.
- Eu não via a a hora de ter a oportunidade de conversar com o Senhor.
- Pois fale.
- Bem, eu procuro o Messias, o senhor é o Messias, não é?
- Falarei sobre isso amanhã, mas posso lhe responder isso agora.
- Pois então diga, o senhor é aquele sobre quem Isaías escreveu: Pois um menino nos nasceu e um filho nos deu, o principado está sobre seus ombros e ele será chamado: Maravilhoso, conselheiro, Deus forte, Pai da eternidade, Príncipe da paz?
- Não.
Jebedias se surpreendeu, seu corpo estremeceu, a boca seca não era capaz de dizer uma palavra, teria sua jornada sido em vão? Quem era João?
Recuperando-se do choque Jebedias, incrédulo, indagou-o:
- Mas então quem você é?
- Eu sou a Voz, a que clama no deserto e endireita o caminho do Senhor.
- Então quem é o Messias?- indagou curioso o jovem.
- Eu batizo com água, mas virá alguém mais poderoso que eu, não sou digno de amarrar suas sandálias, ele batizará com o espírito e com fogo. Espere e verá.
Jebedias, surpreendido com a revelação, mas cheio de esperança de conhecer o verdadeiro Messias, tomou a decisão de se batizar e no dia seguinte foi às águas do Jordão, ele se tornou um seguidor de João e quando Jesus, o Messias, começou seu ministério e João foi preso, aquele jovem resolveu seguir Jesus. Ele levou muitos a Cristo.

Após batizar Jesus, João foi preso por Herodes, por ter falado mal do rei, na cadeia, foi decapitado. Mas antes disso, João numa cela fria e úmida, sem luz e sem comida sorria ao olhar na pequena janela, afinal ele cumpriu sua missão, ele foi a voz.

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