quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Crítica - Êxodo: Deuses e Reis

Um filme do renomado diretor do sucesso Gladiador, Ridley Scott, com um super elenco que conta com Christian Bale, Joel Edgerton, Aaron Paul e Ben Kingsley, efeitos visuais de primeira, e a promessa de uma superprodução. A inspiração, a clássica história bíblica do Êxodo, em que liderados pelo profeta Moisés, os israelitas saíam do Egito, onde eram escravizados. Tinha tudo para ser um bom filme, mas... parece que quase tudo saiu errado. A história não era muito fiel a fonte (a Bíblia), o filme ficou enorme, com cerca de 2 horas e 20 minutos, e em muitos momentos ficou enfadonho, isso com vários detalhes da história sendo ignorados e deixados de fora do filme, o que me faz pensar que a história cairia melhor em uma trilogia. Enfim, Êxodo não deu certo, continue lendo para ler a crítica completa.

Êxodo: Deuses e Reis, o filme já erra no título, ou melhor, no subtítulo. Embora seja um subtítulo "legal" e "épico" o filme é sobre um rei e um Deus. Mas vamos focar no filme, e em sua relação com a história bíblica. Um dos erros do filme foi tentar focar muito na relação Moisés (Christian Bale) e Ramsés (Joel Edgerton) e esquecer muito de outros personagens. Por exemplo, Arão - o irmão de Moisés - que é de suma importância na história bíblica foi reduzido a apenas algumas poucas citações.

Indo em ordem cronológica a primeira divergência entre o filme e a Bíblia foi quanto a criação de Moisés. Enquanto a Bíblia menciona que após ele ser encontrado pela filha do faraó, sua mãe biológica, Joquebede, o criou, como se fosse uma babá. Já na adaptação a filha do faraó o achou e o criou. A semelhança fica por parte de Miriã, a irmã de Moisés, que na Bíblia apresenta Joquebede a filha do Faraó, já no filme ela após seguir Moisés no rio é "adotada" como uma serva pela princesa do Egito. Talvez esse detalhe da criação de Moisés também tenha sido para dar ênfase ao status de quase irmãos entre Moisés e Ramsés, que teriam crescido juntos. Depois os motivos que levam Moisés a fugir do Egito. Em ambas as versões ele mata um egípcio e por isso tem de fugir, mas na Bíblia ele mata porque o egípcio estava batendo em um escravo hebreu, já no filme é porque o egípcio queria prendê-lo, já que Moisés estava disfarçado.

No deserto para onde ele fugiu, há uns momentos bem parecidos com a história bíblica, em que Moisés ajuda as filhas de Jetro que tiveram um problema enquanto davam de beber aos seus rebanhos. Após isso elas o convidam para comer e lá Moisés começa a trabalhar para Jetro e casa-se com Zípora. Aí as diferenças com a história original começam de novo. Só se passam 9 anos até o chamado de Moisés a voltar pro Egito e libertar o povo, na Bíblia passam-se 40 anos. Outra coisa é quanto aos filhos de Moisés, na Bíblia ele tem dois, Gérson e Eliézer. No filme há apenas Gérson. Depois vem a cena do chamado de Moisés. No filme Moisés está cuidando do rebanho quando se depara com uma sarça pegando fogo, e se aproxima para ver, mas um deslize de terra acaba o deixando preso ao chão, meio enterrado. É aí que Deus aparece (literalmente) para falar com Moisés, como uma criança. Eu particularmente não gostei muito de Deus ser mostrado como uma criança, acho que seria melhor que apenas a voz de Deus fosse retratada e que fosse uma voz forte, talvez pudessem colocar um efeito especial na sarça para que um corpo aparecesse, mas sem nitidez. Além do mais a Bíblia menciona que Moisés escondeu o rosto, pois temia ver a Deus, mas no filme eles ficaram cara a cara, de certa forma até diminuindo a Deus. Esse detalhe quanto a forma como Deus se apresenta conta para todo filme. Outra diferença foi que na Bíblia Moisés leva sua família para o Egito, no filme não, e na Bíblia Moisés se encontra com Arão no caminho para o Egito, mas como disse anteriormente, Arão foi pra escanteio. Os encontros entre Moisés e o faraó que na Bíblia parecem terem sido memoráveis e públicos, no filme há apenas dois encontros e eles são  bem discretos e particulares.

Aí vieram as pragas, mais uma vez a Bíblia foi distorcida e o diretor tentou dar explicações lógicas para a Bíblia, mais uma vez acabou diminuindo Deus. Até aí o filme estava horrível, enfadonho e enjoativo, infiel, e as atuações não estavam muito boas, Edgerton como o faraó estava fraco, parecia que tinha medo de tudo o que estava para acontecer e o Moisés de Bale era muito arrogante, convencido e nada submisso a Deus, como se os anos no deserto não o tivessem ensinado nada. Pior ainda foi o que fizeram com Deus, passando uma imagem de um Deus tirano e maléfico que não se importa com as pessoas e até por vezes inconsequente, como se fosse uma criança mesmo, e não um sábio e misericordioso que sabemos que Ele é. Deus está acima da imaginação humana e por isso ficou tão mal retratado. 

Aí após a décima praga em que o faraó perde seu filho, ele finalmente dá a liberdade aos israelitas que fazem as malas e partem em direção ao deserto, rota escolhida para chegar a Canaã. Aí o filme começa a ficar bom. No filme Moisés tinha o plano de atravessar o mar a pé pelos estreitos quando a maré estivesse baixa. Porém eles erram o caminho e acabam nas margens de um grande mar quase impossível de atravessar. Enquanto isso os egípcios se convencem de que devem ir atrás dos israelitas para capturá-los e matá-los. Mas na perseguição (no filme) boa parte dos egípcios morre ao cair de uma montanha que tinha o caminho estreito e onde as vigas dos egípcios não passavam. Os israelitas se deparam com os egípcios chegando e temem, então quando Moisés nota o curso do mar se alterando
e ordena que os israelitas comecem a atravessar. A cena do mar se abrindo e os israelitas passando é muito boa, embora alguns detalhezinhos do texto bíblico sejam esquecidos. Enfim o mar se fecha e os egípcios se afogam. Moisés guia os israelitas ao deserto onde se reencontra com sua família e então o filme termina de forma memorável: Moisés ao receber de Deus os 10 mandamentos reconhece Deus como justo e correto. Embora a cena divirja um pouquinho do texto bíblico ela salva o Moisés do filme. O desenvolvimento de Moisés como servo de Deus poderia ter sido mais rápido, como foi na Bíblia, mas enfim até o fim ficou bom.

Conclusão: O filme contradiz muitas vezes a Bíblia, o que até prejudica a trama, mas há algumas cenas boas, como a batalha entre egípcios e hititas, no início do filme e o mar se abrindo no final, a atuação de Ben Kingsley como o personagem secundário Num, o figurino, os efeitos e os momentos em que a Bíblia foi levada em consideração. Enfim o fim do filme o salvou de um desastre completo, tirem suas próprias conclusões:
Assista aqui.

Nota: 2,5/5










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