sexta-feira, 18 de março de 2016

História da semana #127 - Compaixão (parte 1)

A vida é cheia de armadilhas. Em meio a tantas, é difícil não cair em nenhuma. Algumas podem ser fatais e nos colocar em becos sem saída. Em situações em que tudo parece cooperar para o mal, uma luz irradia nas sombras. Aquele que se sacrificou por nós é o único que pode nos salvar. Na história de hoje conheceremos a história de pessoas que foram ao fundo do poço para conhecerem a verdade que liberta. Só mesmo um Deus com tamanha compaixão para fazer por nós o que Ele fez.

Cornélio andava pelas ruas agitadas de uma cidade grande do Império romano, seu nome pouco importa. Descalço, com roupas de tecido velho e rasgado e com o rosto sujo. Aparentava ser muito mais velho do que realmente era. Sua rotina se baseava em andar pelas ruas e feiras da cidade e tentar roubar sacolas, estandes e pessoas despercebidas. Tudo que fosse comestível ou que desse para trocar por alimento era de valor para Cornélio. A cada noite fria nas escadarias de um prédio, ele lembrava-se de sua vida antiga. Chorava ao recordar-se do tempo em que vivia feliz. Era bem abastado. Criado com alta classe, foi educado como qualquer nobre de sua época, mas se destacava entre os outros. "Esse rapaz tem futuro, diziam os professores." Mal imaginavam o futuro que aguardava Cornélio. Um pouco mais velho ele se interessou por todo tipo de cultura do Império. Aprendeu sobre os costumes e religião dos celtas, gregos, asiáticos, norte-africanos, Cartaginenses, judeus, gauleses, entre outros. Mal imaginavam as pessoas que passavam pela rua que aquele mendigo conhecia tanto. Quando cresceu, conheceu uma bela mulher com quem se casou. Apesar dos costumes da época, seu casamento não era apenas de faixada, mas era feliz. Com o tempo vieram os filhos. Uma bela garotinha e um valente garoto. Era uma família feliz, mas com o tempo vieram as adversidades. Cornélio era rico, tinha seus negócios e prosperava. Se envolvia com política e outras coisas. A ganância foi tanta que ele começou a pensar mais no dinheiro do que em qualquer outra coisa. Sabendo do alto salário de um alto oficial romano, encorajou o filho a carreira militar. Sua vida era luxuosa, mas ele queria mais. Foi aí que tudo deu errado. Em um período de dois anos foi perdendo todo o seu capital, até que tudo se resumiu a uma derrota em apostas de corrida de biga. Seu filho jamais voltara da Germania, onde havia ido lutar. Cornélio não sabia, mas o jovem fora morto em uma emboscada e seu corpo foi queimado pelos inimigos. Ele se sentia culpado por isso. As dívidas vieram em peso, o casamento sucumbiu e ele estava sem saída. Certa vez, viajou para uma grande cidade disposto a investir o pouco que tinha, mas perdeu tudo. Jamais voltou para sua família. Passou a viver como mendigo. Agora passava as noites frias do inverno recordando o rosto de sua filha e de sua esposa.
Certo dia, ao furtar uma bolsa de um homem, foi surpreendido pela perseguição do mesmo. Foi uma corrida alucinante pelas ruas, até que Cornélio se viu em um beco. Preparou-se para levar uma surra. Estava fraco e apenas se encolheu, mas foi surpreendido pela voz do homem: "Não quero fazer-lhe mal." Cornélio se recompôs lentamente. Devolveu a cesta para o homem, que tirou um pão fresco de lá. Pegue - disse ele. Cornélio devorou a refeição rapidamente. O homem ofereceu outro. Cornélio tentou resistir, mas a fome foi mais forte. Aceitou o pão. 
- Por que está fazendo isso? - perguntou o morador de rua.
- A pergunta deveria ser por que não estaria fazendo isso. - respondeu o homem.
- Por que ninguém faz. - respondeu Cornélio.
O homem ficou pensativo. Ele aparentava ter seus 40 e poucos anos, mas tinha aparência nobre de um judeu. 
- Eu acho que não sou como todo mundo, sabe? - falou o homem.
- Bem, a pergunta ainda não foi respondida. - respondeu Cornélio, que já se assentara ao lado do homem no chão. 
- Eu faço isso porque a mim é natural fazê-lo. É o mínimo que poderia fazer depois do que Jesus fez por mim.
- Mas eu não sou Jesus, retribua a ele não a mim.
- Não é assim que se retribui a Jesus. Ele tem tudo e, além disso, não está mais entre nós.
- Então ele morreu?
- Não ouse falar assim de Jesus. Ele vive.
- Perdão, enfim, o que ele fez por você?
- Me salvou.
Cornélio não entendeu bem, mas resolveu puxar assunto com o estrangeiro.
- O que faz aqui neste lugar?
- Estou de viagem. Trabalho com entregas de carregamento e vim avaliar uma madeireira daqui da cidade. 
- Não devia ir fazer isso?
- Tenho bastante tempo livre.
- Voltando a falar sobre esse tal de Jesus. Como ele te salvou. Estava caindo de um penhasco ou algo parecido?
- Você não entendeu bem. Jesus salvou a todos nós. Todas as pessoas que já viveram e viverão. Ricas ou pobres, boas ou más, Jesus oferece salvação a todos, basta aceitar.
- Mas ele salva de que?
- Do mundo. 
- Não entendi isso. Mas, enfim, acho que está equivocado. Não acho que alguém fosse oferecer salvação para alguém como eu. - Cornélio contou toda a sua história. - Agora minha mulher e minha filha devem estar mendigando em minha cidade natal ou se sustentando como meretrizes. A ganância foi tão grande que perdi tudo e arruinei a vida de muitos outros.
- Não penso que Jesus não vá salvá-lo. Ele salva todos! Além disso ele salvou até mesmo a mim.
- E o que foi que você fez de tão ruim que parece incrível que Jesus o tenha salvado?
- Bem - disse o homem com um semblante agora triste - eu fui um dos responsáveis diretos pela morte de Jesus!
Cornélio deu um salto. Não entendia mais nada. Sua mente quase explodia de tantas dúvidas. Como poderia um homem como esse ser salvo? Jesus não estava morto? Como tudo isso aconteceu?

Suas dúvidas serão respondidas na semana que vem.

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