sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

História da Semana #120 - O Cerco - Parte 1

Por volta do ano 840 a.C o rei Jorão reinava em Israel, e o poderoso Ben-Hadade era rei da Síria, o cenário conturbado do reino do filho de Acabe tornava-o um alvo fácil para as intenções expansionistas de Ben-Hadade e seu reino. Embora fosse previsível que os arameus já tivessem derrotado os israelitas, o Eterno havia intervido diversas vezes a favor de Israel, mesmo que o povo e o rei preferissem seguir a Baal. Eliseu tentava fazer o povo voltar para Deus, e agora um ataque sírio parecia iniciar um cerco que poderia destruir Israel, mas ainda havia esperança no Eterno, embora poucos a tivessem.

- O que faremos quanto a Eliezer? - perguntou o rei Jorão levantando-se de seu trono. - sua família mandou uma carta de apelo para que o tratássemos.
- Infelizmente não mais esperança para ele, a lepra é devastadora. - respondeu um conselheiro.
- Realmente é uma pena, ele era um grande oficial. - disse Asaías, o comandante das tropas do rei.
- Mas o que poderíamos fazer? Os sacerdotes não conseguiram curá-lo. - disse o rei sentando-se novamente.
- Com todo respeito meu rei, mas sempre duvidei das capacidades desses sacerdotes de Baal que sua mãe trouxe para Israel, talvez Eliseu pudesse...
- Vou tratar essa sua frase com irrelevância mais uma vez Joel - interrompeu o rei - quanto a Eliseu, aquele profeta não tem servido em nada para mim desde que capturou soldados sírios e os trouxe para mim, apesar de não deixar que eu os matasse. É Baal quem garante a prosperidade de Israel. Enfim, minha decisão está tomada, infelizmente Eliezer terá que ficar isolado até que seja curado ou mo...
- Meu rei! Meu rei! - um grito interrompeu o diálogo do rei e seus conselheiros.
- Quem você pensa que é para interromper o grande rei Jorão?! - disse Asaías desembainhando sua espada.
- Perdoem-me, eu sou um agricultor dos campos de Manassés, e vim avisar sobre um grande exército. Os arameus senhor! Eles estão chegando e são muitos.
Os conselheiros e o rei se olharam boquiabertos e tomados pelo medo.
- Ben-Hadade está vindo então. - disse o rei.
- Asaías, rápido escolha seu melhor subordinado e envie-o com as tropas até o exército de Ben-Hadade - disse Joel, o conselheiro mais experiente e que normalmente tinha que tomar as rédeas da situação visto que o rei não possuía pulso firme - temos que pará-los o mais rápido possível, se eles chegarem a Samaria estaremos mortos. Eu vou falar com Eliseu.
- Não! - gritou o rei - ninguém aqui fala com Eliseu, aquele homem só vai atrapalhar o trabalho dos sacerdotes de Baal. Agora vá Asaías. Quanto a você Joel, está na hora de deixar eu governar não acha?

O tempo passou devagar demais naquela semana, o exército israelita fora duramente subjugado pelas tropas sírias e agora Ben-Hadade se aproximava de Samaria deixando o confuso rei Jorão sem opções.
Em uma manhã, após mais uma noite mal dormida o rei foi acordado com o inadiável aviso: os arameus chegaram. Mal preparados para um cerco os habitantes de Samaria escondiam-se atrás de um grande portão fechado e depositavam sua esperança em Baal e nos muros da cidade que além de resistentes tinham em seus pontos mais altos os melhores flecheiros que o rei havia conseguido arranjar. Apenas alguns poucos ainda acreditavam que o Eterno poderia livrar o povo como já havia feito várias vezes. Talvez pior ainda fosse a situação dos israelitas que haviam ficado do lado de fora, eram poucos, mas a cada dia para eles uma tentativa de fugir para outras cidades poderia significar ser capturado pelos inimigos. Só quem não fazia planos para fugir das imediações eram os cidadãos (se é que podiam ser chamados assim) mais marginalizados da sociedade: os leprosos. Entre eles estava Eliezer, antigo oficial do rei Jorão que havia sido contaminado pela lepra, e então condenado a viver o resto de seus dias como um rejeitado.
- O rei foi insensato em suas estratégias. - dizia ele para seus três companheiros também leprosos.
- Tem razão, como ele não se preparou para um cerco? - disse Isaque, um velho que há anos sofria de lepra e adorava falar sobre política.
- Ben-Hadade tem um exército poderoso, além do mais a cidade não resistirá muito tempo, ainda mais se o exército sírio atacar efetivamente, se fosse o muro de Jerusalém, talvez até houvesse chance de resistência - falou Maquir, um estrangeiro que assim como Eliezer havia servido no exército de seu reino, mas havia sido contaminado por lepra.
- Devemos continuar confiando no Eterno. - dizia Ofni, um jovem que havia nascido com lepra e sabia que só estava vivo por causa da bondade do Senhor.

Enquanto isso dentro da cidade as coisas iam de mal a pior, a falta de alimento elevou os preços de coisas que os israelitas jamais haviam pensado em comer. O rei estava nervoso e zangado, seu estado havia piorado quando ouvira o depoimento de uma mãe que havia combinado com a vizinha de matar seus filhos para come-los. Aquilo foi a gota d'água, o rei em sua vida de pecados não conseguia ver a culpa nos atos de adoração a Baal e via como grande culpado o profeta Eliseu. O clima esquentou:
- Isso não pode ficar assim, que eu seja castigado com todo o rigor se Eliseu, filho de Safate, não perder a cabeça hoje!  

Na próxima semana: Livramento ou destruição?

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