sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

História da semana #119 - Rebelião abatida

Embora seja considerado o homem segundo o coração de Deus, a história de Davi está longe de ser perfeita. Desde o mirrado garoto que derrotou milagrosamente o gigante Golias de Gate, passando pelo general perseguido até chegar a rei exaltado em Canaã, a trajetória de Davi foi cheia de erros, pecados, medo, desconfiança, traição, perseguição, guerras, intrigas e sangue. Felizmente a vida do rei Davi também foi de prosperidade, superação, beneficência, vitórias, perdão, amor e fé. Entretanto é impossível não levar em conta os erros cometidos por Davi e as consequências catastróficas que elas deixaram na história de Davi e do povo de Israel. Nas duas últimas semanas vimos a decadência da confiança do povo israelita no seu grande rei Davi. Temeroso quanto a pecados pretéritos, o rei tem sido enfraquecido pela idade. Além disso, uma catastrófica explosão de acontecimentos que abalou a família real, levantou sobre Israel um novo candidato ao trono, o príncipe Absalão. Apoiado por boa parte do povo e pelo principal conselheiro de Davi, Absalão tomou conta de Jerusalém e do resto do reino, forçando Davi, sua família, seus servos e seus principais soldados a fugir para o outro lado do rio Jordão. O aparente favoritismo de Absalão levou o príncipe usurpador a cantar vitória fácil, mas ele não contava com os infiltrados de Davi e com o favor divino ao lado de seu inimigo. Agora, com sucessivos problemas no lado de Absalão, Davi conseguiu atrasar o confronto e se estabilizar, mas é tudo uma questão de tempo para que os dois lados se enfrentem. Absalão colocou um grande exército em marcha que acampa em Gileade. Próximo dali, Davi e seu exército se protegem na fortaleza de Maanaim, com amplo apoio da população local.
A guerra já havia se tornado a única opção. Sobre a noite do deserto, Joabe, Abisai, Davi, Itai e alguns outros soldados discutiam a melhor forma de poupar tropas no combate. Do outro lado, Absalão, com um exército muito maior, se embebedava com seus soldados. Amasa, primo de Joabe e que se juntara a Absalão fora colocado como líder das tropas israelitas. Seu perfil como soldado ilustrava bem o exército do príncipe. Inexperiente e confiante de si mesmo, ele ostentava o título de general pelo parentesco com Davi e por uma rara habilidade de comandar, o mesmo não se pode dizer dos seus soldados. Eram indisciplinados em maioria e não haviam tido treinamento militar. Os poucos que, como Amasa, já haviam lutado antes, sabiam das habilidades do exército pessoal de Davi, mas tinham plena convicção da vitória. Em Maanaim, Davi tentava buscar mais tempo para o inevitável conflito, mas a passada das tropas de Absalão pelo Jordão prenunciava o dia seguinte como o sangrento dia da guerra. Joabe, por sua vez, impetuoso, queria adiantar o conflito, pois sabia da inexperiência do inimigo. 
No dia seguinte, logo cedo, as tropas de Davi já estavam reunidas e em formação. Três grupos foram formados, além de um pequeno e especial grupo de soldados que iria com Davi. Os três comandantes do exército, entretanto, acharam por melhor deixar Davi protegido na cidadela. Não era uma guerra entre exércitos, mas entre reis. Não importava quem terminava o dia com mais soldados, afinal todos lutavam para proteger Davi ou Absalão. A captura de um dos dois representaria o fim da batalha e Itai, Joabe e Abisai não permitiriam que seu líder perecesse. Davi já não era mais o mesmo soldado que matara filisteus na mocidade, por isso concordou com seus homens. Davi se encarregou, entretanto de motivar seus homens e de fazer um pedido especial, que mantivessem vivo a Absalão.
Do outro lado, as tropas de Absalão também já estavam preparadas. A única coisa que dividia os dois exércitos era uma floresta, famosa por armadilhas da natureza, como buracos, galhos e alguns animais ferozes. O apressado Absalão, resolveu conduzir seu exército pela floresta, ansiava derrotar o pai e acabar com a rebelião. Mal esperava ele que os exércitos de Davi armaram ma emboscada e atacaram dentro da floresta, além disso, os inexperientes soldados de Absalão se viram presos pela natureza. Derrotados no "primeiro round" os soldados de Absalão que conseguiram se livrar da floresta, atacaram o restante dos homens de Davi no campo aberto, mas os inexperientes e já cansados soldados novamente não tiveram vez. A batalha se desenrolou por todo o dia, 20 mil homens pereceram, a esmagadora maioria de Absalão. Dizimado, o usurpador sabia que poderia refazer o ataque e tocou a trombeta em sinal de fuga. Os sobreviventes correram por todos os lados, flecheiros de Davi se encarregaram de parar alguns dos desesperados fugitivos. Joabe, sabendo das intenções de Absalão e sedento por vingança a aquele que por duas vezes tinha conseguido favores do general, ele colocou alguns homens a perseguir o príncipe pela floresta. A pé, contra o cavalo de Absalão, eles ficaram para trás, mas logo avistaram o usurpador, preso pelas armadilhas da floresta. Os longos cabelos de Absalão, seu maior orgulho, o prenderam a galhos. Joabe logo ficou sabendo e se encarregou de matar o revoltoso príncipe, contra as ordens do rei. O toque da trombeta indicava vitória. Os homens de Davi pararam de perseguir os fugitivos, afinal asseguraram a vitória. Enquanto enterrava Absalão, Joabe mandou mensageiros avisando a Davi dos ocorridos. 
Ao chegarem a Maanaim, os homens de Davi encontraram o rei cabisbaixo. Os gritos de sofrimento vindos do quarto do rei intrigavam os homens. Joabe, causador de tudo aquilo, convenceu Davi a descer e comemorar a vitória, mesmo triste. Providências foram tomadas para que Davi voltasse logo a Jerusalém. O rei sabia que uma demora sua em retomar o trono poderia levantar uma nova revolta. Logo, Davi chegou a Jerusalém, tudo estava bem novamente e Deus provou a sua fidelidade a seu ungido. Uma prece foi erguida aos céus por Davi, ele agora tinha certeza que Deus o perdoara e o abençoaria até o fim de sua vida.
 

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