sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

História da semana #118 - Guerra à vista

Embora seja considerado o homem segundo o coração de Deus, a história de Davi está longe de ser perfeita. Desde o mirrado garoto que derrotou milagrosamente o gigante Golias de Gate, passando pelo general perseguido até chegar a rei exaltado em Canaã, a trajetória de Davi foi cheia de erros, pecados, medo, desconfiança, traição, perseguição, guerras, intrigas e sangue. Felizmente a vida do rei Davi também foi de prosperidade, superação, beneficência, vitórias, perdão, amor e fé. Entretanto é impossível não levar em conta os erros cometidos por Davi e as consequências catastróficas que elas deixaram na história de Davi e do povo de Israel. Semana passada vimos que, em consequência de erros e pecados do Rei Davi, ele perdeu o controle do reino. Desgastado pelo tempo e temeroso em relação a seu pecado, o rei de Israel não consegue esquecer a ideia de que Deus o abandonara. Enquanto isso, o príncipe Absalão, movido de fúria pela impunidade de Amnom, que abusara de sua irmã, assassinou-o e perdeu a confiança no pai. Agora ele iniciou uma revolta em Hebrom que atingiu todo o Israel. Davi foi forçado a deixar Jerusalém e fugir e agora, mais do que nunca, ele teme que o Eterno o abandonou. (Clique aqui para ler a #HS da semana passada)

- Viva o rei! - gritava a multidão comandada por Husai.
Absalão, surpreso com a receptividade desceu do cavalo e se dirigiu a conselheiro de seu pai. 
- Onde está a sua fidelidade para com seu amigo? - perguntou o "novo rei".
- Você é o novo rei escolhido por Deus, Absalão. - respondeu Husai.
O apoio do conselheiro de confiança de Davi e o aparente apoio de Deus manifestado na fala de Husai e na não saída da arca e dos sacerdotes encheu Absalão de confiança. O primeiro ato de Absalão na cidade foi um tanto polêmico. Aconselhado por Aitofel, o príncipe usurpador tomou as dez concubinas de Davi deixadas no palácio para conservá-lo e teve relações com elas em uma barraca que era vista por todos. Isso aguçou ainda mais os ânimos do povo. O adultério público de Absalão o assegurou como rei entre os que o apoiavam, mas em Jerusalém, capital do reino e onde o rei residia, uma considerável parcela do povo apoiava Davi e isso gerou revolta nos religiosos mais ortodoxos e nos apoiadores de Davi. 
Enquanto o príncipe causava o maior reboliço na capital, o rei fugitivo e seu grupo de seguidores tentava buscar forças após uma longa fuga nas areias e colinas do deserto. Quando o sol já aparentava se por, Joabe, Abisai, Itai e Davi, os líderes do grupo, acharam por melhor erguer acampamento. Entre os fugitivos se encontravam mulheres, crianças e nobres desacostumados com o esforço físico. Eles se encontravam a uma distância razoavelmente segura de Jerusalém e próxima ao rio Jordão e Davi sabia que eles não tinham mais forças físicas para atravessar o rio. O mantimento alimentício era racionado, afinal eles não sabiam quanto tempo teriam que ficar naquela situação. Davi novamente se colocou de joelhos e pediu perdão a Deus, ansiava por saber a posição do altíssimo naquilo tudo. 
Enquanto isso na capital, Aitofel desejava por o exército em marcha contra Davi o quanto antes. Aconselhou Absalão a juntar 12 mil homens, grupo razoavelmente pequeno, e sair ainda naquela madrugada para matar apenas a Davi. Era o plano perfeito, os cansados homens de Davi não ofereceriam resistência e tudo correria bem para Absalão. Todos os conselheiros de Absalão concordaram com o plano. Husai não fora a reunião pois não havia alcançado total confiança, mas Absalão resolveu chamá-lo para saber sua opinião. O conselheiro infiltrado sabia que esse plano representava o fim certo da rebelião que Davi planejava, por isso ele deu um jeito de ludibriar o príncipe usurpador. Exaltou a ferocidade de Joabe e de seus homens, ressaltando que eles protegeriam Davi a todo o custo. Além disso, o experiente rei e guerreiro Davi não acamparia junto de suas tropas em tal situação, mas se esconderia. Husai deixou de lado o cansaço das tropas davínicas. Aconselhou Absalão a juntar por todo o Israel a maior quantidade de soldados possíveis, assim as tropas do antigo rei seriam esmagadas. Husai saiu da presença do rei sem saber qual plano seria seguido, por isso alertou Zadoque e Abiatar, que alertaram seus filhos Jônatas e Aimaás, por meio de uma serva. Os dois jovens deveriam levar a mensagem até o acampamento de Davi o mais rápido possível, mas não sem antes serem perseguidos ferozmente por soldados de Absalão que os viram. Absalão, sabendo agora que a mensagem de seu ataque chegaria a Davi e que ele perderia o efeito surpresa proposto por Aitofel, decidiu seguir o plano de Husai. 
Davi, sem saber a decisão tomada pelo filho, tomou providências para que sua gente atravessasse o Jordão imediatamente. Mesmo que o ataque não tenha vindo durante a madrugada, estar do outro lado do Jordão significava estabilidade para Davi. Ele teria um aliado (o rio) e poderia organizar uma rebelião com mais tempo, além disso, do outro lado da margem, Davi encontrou aliados preciosos que os ofereceram abrigo em suas cidades fortificadas, além de mantimentos. Outra coisa que ajudou a Davi foi o suicídio de Aitofel. O conselheiro sabia que o conselho de Husai, adotado por Absalão, iria levar a derrota do novo rei. Davi certamente venceria e, ao voltar a Jerusalém, mandaria matar o mentor da revolta, Aitoel. A morte do principal conselheiro de Absalão abateu um pouco o entusiasmo do príncipe usurpador.

Mesmo sabendo que o plano de Husai não atrasaria muito o confronto direto com as tropas de Absalão, que agora viriam em peso, Davi sentia pela primeira vez, desde a sua fuga, que o Eterno estava com ele. A sucessão de fatos pareciam dar resposta as inquietações de Davi, Deus estava de seu lado!

Continua  

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