"Podem vós beber o cálice que estou bebendo ou serem batizados com o batismo que estou sendo batizado?" (Mc 10:38)
Jesus e seus discípulos estavam terminando aquela que seria sua última viagem juntos, a "turnê" que havia sido acompanhada por multidões que haviam presenciado muitos milagres e ouvido parábolas e pregações maravilhosas, já havia passado por várias cidades relativamente importantes como Cafarnaum e agora estavam nos arredores de Jericó indo em direção a Jerusalém. A expectativa era grande, quanto mais andavam em direção a cidade mais aumentava a expectativa. Os seguidores de Jesus esperavam que em sua visita a Jerusalém em decorrência da Páscoa ele, por ser o Messias, declararia a independência de Israel, que era comandada pelos romanos, nem mesmo os 12 discípulos a quem Jesus havia falado particularmente sobre sua morte pareciam entender o significado de sua verdadeira missão.
Agora, alguns dias depois a euforia já havia passado, no seu lugar um misto de sentimentos inexplicável, medo, tristeza, vergonha, remorso, dúvida. Os discípulos lamentavam profundamente a morte de seu amado mestre. Eles tentavam se recompor lembrando dos belos ensinamentos de Jesus, mas quanto mais lembravam mais sentiam tristeza pela morte daquele que os havia mudado completamente. Eles finalmente começavam a entender o real sentido das profecias messiânicas, porém estavam inconsoláveis. Quanto a Judas Iscariotes eles sentiam tristeza pelo seu suicídio, mas ainda tinham raiva por ele ter traído Jesus.
- Será que vão nos prender também? - perguntaram-se.
- Que se dane nossa vida, perdemos o mestre. - respondeu Pedro sentindo-se culpado por negado a Jesus.
- Como podemos ser tão infantis, não entendendo sua missão e querendo ser maiores uns que os outros? - Falou André.
- Sinto muito pelo que fiz. - disse Tiago com lágrimas nos olhos - tenho certeza que meu irmão João concorda.
- Claro - respondeu João - não deveríamos ter ido com nossa mãe pedir ao mestre que nos desse os lugares de honra.
- Todos nós erramos quanto a isso. - disse Bartolomeu.
- Jesus tinha razão. - disse João - talvez não estejamos preparados para beber de seu cálice e sermos batizados como ele foi.
- Nós não havíamos entendido isso - disse Tiago - ele estava falando de sua morte, de seu sofrimento.
- Nós fomos fracos, fugimos quado ele mais precisou de nós, na verdade todos o traímos e o negamos. - disse Pedro.
- Agora devemos permanecer unidos e usarmos os ensinamentos do mestre. - disse André.
- Vamos nos comprometer a sermos, a partir de hoje, humildes e sermos servos ao invés de senhores e os últimos ao invés dos primeiros - disse Pedro.
Todos concordaram.
- Mais uma coisa - disse Tiago - Jesus disse naquela ocasião que nós beberíamos do cálice que estava bebendo e seríamos batizados com o batismo que ele estava sendo batizado.
- Isso significa que também vamos sofrer e sermos executados?
- Lembrem-se do que ele disse 'Bem aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus.'
- Não sei vocês, mas eu vou pregar o evangelho a todos, independente do for acontecer, a morte e o sofrimento serão consequências. Mas o mestre também morreu por nós. - disse Tiago.
Todos concordaram com a cabeça, a partir daquele dia eles não seriam mais covardes, iriam aonde fosse preciso. No dia seguinte Jesus ressuscitaria e instruiria seus seguidores antes de subir aos céus.
Já os discípulos foram pelo mundo pregar as boas novas da salvação, eles foram presos, executados, esfaqueados, apunhalados, apedrejados, açoitados e até crucificados, mas sempre permaneceram firmes. Que nós também sejamos assim, demos tudo o que for preciso para agradar a Deus.
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