quinta-feira, 9 de julho de 2015

História da semana #97: Homem de guerra - parte 1

O período dos juízes na história de Israel é conhecido por ter vários conflitos entre o reino de Israel e os povos cananeus. Os israelitas, após a morte de Moisés e Josué, não souberam administrar o reino. Se afastaram de Deus e não conseguiram se estabelecer politicamente na região. Os povos que antes habitavam aquela região se aproveitaram desta fragilidade israelita e partiram para o ataque, conquistando regiões fronteiriças que antes os pertenceram, mas que foram dadas aos israelitas por Deus. Houve uma desfragmentação nas tribos, não havia um líder como Josué que comandasse o reino todo, mas cada tribo tinha seu líder, ela se uniam apenas para guerrear contra outros povos, e, raramente, se enfrentavam. Deus, levantou de dentro do povo vários juízes que promoveram uma união momentânea do povo em guerras, libertando-os do domínio cananeu e reavivando-os espiritualmente. Mas o povo sempre voltava para a idolatria. O povo de Gileade, uma cidade da tribo de Gade, que ficava do lado leste do Jordão, os efraimitas e os benjamitas foram os que mais sofreram com as consequências da idolatria, sendo constantemente atacados pelos amonitas e sendo escravizados. Deus, desta vez, não saiu em auxílio dos israelitas, pois sabia que eles não se arrependeriam genuinamente, mas, no desespero e vendo que Deus não iria ajudá-los, os gileaditas se obrigaram a pedir perdão a Deus, se purificaram e acabaram com os ídolos pagãos que possuíam. Deus então resolveu ajudá-los, mas eles precisavam de um líder, que comandaria e governaria o povo politicamente, militarmente e espiritualmente, eles precisavam de Jefté.


O Homem de têmporas grisalhas olhava o horizonte com orgulho. Sabia tudo que havia conquistado em sua vida difícil, pensou em seu exército, em sua família e falou baixinho:"Obrigado Senhor."De repente, começou a lembrar de sua vida amarga, dos desafios colocados em seu caminho. Lembrou-se do dia mais triste de sua vida, sua expulsão do povo. Ele era jovem, tinha cerca de 15 anos, um jovem valoroso e trabalhador. O que motivou sua expulsão foi sua origem. Seu pai (que também se chamava Gileade) se envolveu com uma prostituta cananeia e Jefté foi o fruto desta relação pecaminosa. Mesmo sendo acolhido pela família de seu pai, seus irmãos e sua madrasta, além do resto do povo de Gileade, o odiavam. Jefté cresceu excluído, com poucos amigos, não foi educado religiosamente pela família e tudo que fazia era motivo de repreensão, ele se sentia deslocado. Aos 15 anos, com idade para viver sozinho, foi enxotado de sua cidade. Passou a vagar sozinho pelo reino, conheceu lugares incríveis, mas sentia um vazio imenso, sentia o desejo de ter uma família.Após uns dois anos vagando sem rumo, o jovem Jefté se estabeleceu em Tobe. Lá conheceu um senhor mais velho que liderava um pequeno grupo de excluídos da sociedade e estrangeiros. Eles eram peregrinos como Jefté. O homem, Jairo, já fora um homem comum, mas foi acusado falsamente de um assassinato, então fugiu com sua família. Com o tempo ele conheceu alguns soldados moabitas desertores, os quais se juntaram a ele na peregrinação. Jairo os educou espiritualmente, os convertendo para Jeová. Com o tempo, mais homens, como Jefté, se juntaram ao grupo. O ancião Jairo os comandava por batalhas e saques por toda a Palestina, onde buscavam apenas mantimento. Em determinado tempo, eles se estabeleceram próximos a Tobe. Jairo tinha uma filha linda, por quem Jefté se apaixonou, eles mais tarde se casaram. Jairo também ensinou a Jefté a verdadeira face de Javé, o Deus dos hebreus. Jefté se converteu e passou a morar na colônia.
Alguns anos depois os amonitas invadiram a região, forçando o grupo a voltar para suas origens nômades. Durante a invasão Jairo, já velho, foi ferido e morto. Jefté, seu genro, foi escolhido pelos homens como seu sucessor e passou a comandar o grupo. As dificuldades os tornaram peregrinos sem destino, vagavam pelos desertos da Palestina sem rumo por longos períodos. O grupo crescia cada vez mais, o que os forçava a saquear cada vez mais vilas. Tornaram-se mercenários, cavaleiros do deserto, Jefté foi responsável por construir um dos maiores exércitos da Palestina. Sua fé em Deus o fez prosperar e novamente o grupo se estabeleceu em uma colônia. Jefté ficou famoso entre os israelitas, moabitas, amonitas e filisteus e seu segredo para a vitória, a fé em Deus, também. Os corajosos soldados de Jefté eram todos educados pela religião judaica. Jefté e a filha de Jairo tiveram uma menina e Jefté realizou seu sonho, teve uma família.
As recordações do homem de guerra foram interrompidas por seu escudeiro, que anunciou a chegada de homens de Gileade. A surpresa de Jefté foi grande e sua resposta foi dar o troco aos gileaditas. Ele se recusou a prestar seus serviços aos que outrora o odiaram. Mas a insistência dos conterrâneos para que ele comandasse suas tropas o fez aceitar. Se ganhasse dos amonitas, seria o novo governante da cidade que um dia o expulsou por ser filho de uma estrangeira. Jefté então mandou preparar as tropas, iria partir imediatamente para a batalha. A quilômetros dali, os amonitas partiam em direção ao campo de batalha.

Na próxima semana: O voto de Jefté e a batalha contra os amonitas     

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