sexta-feira, 6 de maio de 2016

Histórias da semana #132 - Golpe - parte 2

Israel e Judá passavam por uma crise político-religiosa muito forte. Só Deus poderia livrá-los disso e, embora o povo o tivesse abandonado e tudo parecesse perdido, Ele tinha tudo sob controle. Na história de hoje, a revolução de Jeú continua e antigas profecias se cumprem para trazer justiça e esperança para Israel.


"Jeú é rei sobre Israel!!" gritavam as vozes já roucas dos soldados de Ramote-Gileade. Capas eram estendidas pela rua principal do acampamento e sobre elas passava, a cavalo, o novo rei. Um jovem que chegara ao posto de general a pouco tempo, mas que fora escolhido por Deus para purificar Israel.
Um soldado corre despercebidamente por entre os aclamadores do novo rei, mas logo é abatido por uma horda de homens. "É um traidor, está indo avisar Acazias e Jorão."
- A situação exige total sigilo. Se estão comigo, não permitam que ninguém vá até Jezreel avisar os reis. - disse Jeú.
Se engana quem pensa que Jeú era um homem calmo, reservado e discreto. Pelo contrário, era como um animal quando guerreava. Entre suas principais virtudes com certeza se destacava a liderança. Ele sabia fazer as pessoas obedecê-lo, respeitá-lo e apoiá-lo. Dentro de sua cúpula de comando, possuía dois soldados a quem respeitava muito. Não era por menos, não eram raras ás vezes que salvaram o rei em batalha e eram muito sábios. Seus nomes eram Jacob e Eliabe. Eram quase da mesma idade que Jeú. Sabiam da responsabilidade que teriam ao lado do novo rei e se preparavam para isso em uma conversa franca.
- Daqui pra frente devemos ser submissos ao rei e a Deus, foi ele quem ordenou isso. - disse Eliabe.
- Realmente. Aquele garoto que veio ungir Jeú, ele me lembra o profeta Eliseu, tem a mesma expressão no rosto, com certeza vem de Deus. Mas e como fica a guerra com a Síria? Qual o próximo passo de Jeú? - indagava-se Jacob.
- Se vem de Deus, é certo que Ele quer que Jorão caía logo. Quanto a Síria, Jeú deve ter algo em mente.
Neste exato momento o novo rei adentrava a tenda com a resposta para as indagações dos dois comandantes.
- Eliabe, escreva uma carta de trégua para o novo rei Hazel da Síria. Diga que o Deus de nosso povo ordenou uma revolta contra Jorão e que estamos abandonando o campo de batalha. - ordenou Jeú.
- Acha que ele vai acreditar nisso?
- Se os boatos de que foi Eliseu quem o ungiu forem corretos ele vai. Se não, Deus deve ter isso sob controle de alguma outra forma. Faça isso rápido e os dois se aprontem com suas armaduras, partimos para Jezreel em duas horas.
As palavras de Jeú eram tão sérias que chegariam a causar medo em qualquer outro, mas Eliabe e Jacob conheciam o general e fizeram tudo muito rapidamente. Enquanto isso Jeú selecionava a dedo um destacamento dos melhores soldados para acompanhá-los até a cidade fortificada onde se abrigavam os dois reis. Em duas horas os homens estavam na estrada. Cavalgavam como nunca antes e logo chegariam a Jezreel.
- Jacob e Eliabe, atrás de mim, vamos fazer justiça. - bradou o novo rei ao avistar as muralhas de Jezreel.
O sentinela da cidade também se apressava. Corria até o quarto de Jorão. Ao entrar foi recebido rispidamente pelo rei de Israel:
- Como ousa adentrar assim as portas do repouso de seu senhor?
- Desculpe vossa majestade, mas um destacamento de homens vem rapidamente pela estrada.
- Pois mande um soldado para investigar.
Ao chegar até Jeú, o mensageiro indagou a causa de tamanha pressa. Jeú respondeu: "Não lhe interessa. Passe para trás e me siga." Isso aconteceu mais uma vez com outro mensageiro. Ao notar a aproximação do grupo, o sentinela mais uma vez foi falar com o rei:
- Majestade, os mensageiros não estão voltando e a frente do batalhão está Jeú.
- Prepare meu carro de guerra e o de Acazias. - ordenou o rei.
Ao ver os reis saindo, Jeú parou e esperou. Jorão saiu a frente e logo se encontrou com seu antigo general.
- Veio trazer boa notícia como amigo? - perguntou Jorão.
- Como podemos ser amigos se existem feitiçarias em Israel e se adoram os ídolos de sua mãe? - respondeu Jeú.
Jorão saiu em disparada, gritando para o companheiro: "É golpe Acazias!" De nada adiantou, Jeú seguiu em disparada e acertou uma flecha no oponente. Caía mais um dos reis pagãos de Israel. Jorão estava morto. Rumores diziam que, ao disparar a flecha, Jeú, sarcasticamente, sussurrou para Jorão: "Tchau Querido".
- Jacob, pegue o corpo e o jogue na vinha que pertencia a Nabote, pois foi isso que Elias profetizou. - ordenou o novo rei.
Jacob prontamente atendeu. Despejou o corpo sem nenhuma cerimônia na vinha que um dia pertencera a um homem de Deus, mas foi arrancada dele por meio da mentira de Acabe. Jeú não permitiu que seus soldados parassem nem por um minuto e perseguiram Acazias, de Judá, até Bete-Hagã, onde o feriram. Acazias morreu pouco depois na planície de Megido. Jeú achou por certo mandar o corpo para Jerusalém, onde eram enterrados todos os descendentes de Davi.
No dia seguinte, Jeú adentrou Jezreel, segunda cidade mais importante do reino e matou Jezabel. Ocorreu que Jezabel ficou as janelas do palácio esperando Jeú e quando o viu, o chamou de Zinri, referenciando um antigo rei de Israel que matara o antecessor. Jeú, então, gritou aos guardas da rainha-mãe que a atirassem de lá se o apoiavam e foi assim que Jezabel morreu. Ao ir retirar o corpo para enterrá-lo, os homens de Jeú se depararam apenas com os ossos, pois os cães devoraram tudo, cumprindo mais uma profecia.

Pelos próximos dias, Jeú e seus homens conduziram uma caça em Israel, mataram todos os descendentes de Acabe e seus conselheiros e chegaram a Samaria.

Davi e Tobias conversavam sobre a sombra de uma tamareira quando Eliseu chegou.
- Mestre Eliseu, o que será de Israel agora?
- Nem tudo está purificado, meus jovens, mas Deus um dia vai trazer um libertador a Israel, cabe a nós esperar e pregar sua palavra.
- E Judá? Jeú matou o rei deles e agora Atalia, filha de Acabe assumiu o trono.
- Fiquem tranquilos, Deus já está levantando sobre Judá um novo rei que será justo e temente ao Senhor. Que Deus tenha piedade destas nações e destes povos.

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