Por volta do ano 840 a.C o rei Jorão reinava em Israel, e o poderoso Ben-Hadade era rei da Síria, o cenário conturbado do reino do filho de Acabe tornava-o um alvo fácil para as intenções expansionistas de Ben-Hadade e seu reino. Embora fosse previsível que os arameus já tivessem derrotado os israelitas, o Eterno havia intervido diversas vezes a favor de Israel, mesmo que o povo e o rei preferissem seguir a Baal. Eliseu tentava fazer o povo voltar para Deus, e agora um ataque sírio parecia iniciar um cerco que poderia destruir Israel, mas ainda havia esperança no Eterno, embora poucos a tivessem. O cerco de Ben-Hadade deixou os ânimos a flor da pele em Samaria. Culpando Eliseu por tudo aquilo o rei Jorão jurou arrancar a cabeça do profeta, entretanto veremos que o Eterno sempre vence e sua vontade é a que triunfa.
Eliseu estava pensativo naquela noite. Reunido com os anciãos do povo, inclusive Joel (a quem o rei Jorão havia repreendido justamente por defender o profeta), Eliseu havia lembrado de como havia tentado intervir por ordem do Eterno na vida religiosa do povo e da casa real para tentar faze-los voltar ao caminho correto e como havia sido ignorado. Sabia que aquilo mais que um problema militar era um problema espiritual, o Eterno estava permitindo que Ben-Hadade atacasse os israelita para puni-los por seus pecados. De repente, Eliseu se levantou:
- Tranquem a porta! Nosso rei assassino mandou alguém para matar-me e ele vem logo atrás.
- Realmente o rei disse que queria tirar-lhe a cabeça, mas não esperava que estivesse falando sério. - disse Joel alarmando os demais.
- Acho que vamos encerrar nossa reunião. - disse Eliseu - mas tenham esperança no Eterno.
Mais logo que falaram não deu outra o mensageiro do rei chegou e logo atrás estava Jorão, embora acovardado pela situação ele tentou demonstrar imponência para assustar o profeta do Eterno. Os soldados do rei foram puxando suas espadas e os homens que estavam com Eliseu foram se colocando em posição para defende-lo. O rei que havia ouvido as últimas palavras do profeta, não se segurou e resmungou:
- Esta desgraça vem do seu Deus, Eliseu. O Eterno é o culpado, por que devo ter esperança nele?
De repente uma brisa invadiu a casa em que estavam reunidos, uma expressão de calma e poder tomou o rosto de Eliseu, ele estava tendo uma visão!
- Ouçam o que diz o Eterno: - começou o profeta - Amanhã, por volta desta mesma hora, na porta de Samaria, tanto uma medida de farinha como duas de cevada serão vendidas por apenas uma peça de prata.
Aquelas palavras pareciam inacreditáveis, eram preços baixíssimos demais para a realidade de um reino em crise e deixaram todos perplexos.
- Eu duvido! - disse Asaías, o oficial que estava junto do rei - Mesmo que se abrissem as comportas do céu será que isso seria possível?
- Você verá tudo isso, mas comerá nada. - respondeu Eliseu condenando o oficial por sua falta de fé no Eterno.
O rei Jorão estava calado, estava assustado, não tinha esperança, no fundo ele também duvidava.
- Você duvida também rei? - perguntou Eliseu. - Você culpa o Eterno por isso, mas eu culpo você e sua idolatria a Baal, quer apostar? O seu pai e meu mentor apostavam de vez em quando, acho que você se lembra de quando tentaram ver qual dos deuses fazia chover? Pelo que me lembre o Eterno venceu o seu falso deus! Quer ver quem vai nos livrar de novo?
O rei sem resposta saiu dali irado, ele não havia tido coragem de responder a Eliseu e nem de matá-lo como era seu desejo, entretanto pensava em como seria possível que a profecia de Eliseu se cumprisse. Mal sabia ele que o Eterno já estava agindo.
Mas como estariam Eliezer, Isaque, Maquir e Ofni, os quatro leprosos que viviam fora da cidade? Estavam duvidosos, sem condições de vida eles pensavam em voltar para dentro da cidade, por isso foram ficar junto aos portões da cidade para ver se alguém abria os portões da cidade, embora ali fossem um alvo fácil para o sírios não tinham nada a perder. Mas no meio da noite Maquir acordou:
- Ei, que barulho foi esse?
- Sei lá. - respondeu Ofni.
- Pessoal, eu estive pensando - começou Eliezer - o que vai acontecer se conseguirmos entrar na cidade, eles vão querer nos matar por sermos leprosos e mesmo que nos poupem vamos morrer de fome com os outros.
- Sabem, acho melhor nos rendermos aos arameus. - sugeriu Isaque.
- Está louco!? - perguntou Maquir.
- Bem, se eles nos matarem, dará no mesmo, mas e se eles nos pouparem, talvez tenhamos o que comer.
- Faz sentido. - disse Ofni - Talvez seja essa a resposta das nossas orações.
- Vocês estão loucos mesmo. - disse Maquir.
- Maquir, nos vamos tentar, você vem? - perguntou Eliezer.
- Está bem, mas depois não digam que eu não avisei.
Alguns minutos depois eles chegaram ao acampamento arameu e surpreendentemente tudo que encontraram foi NADA!
- O que será que aconteceu? - perguntou Eliezer.
Embora não soubessem eles haviam mais uma vez sido salvos pelo Eterno, que havia feito com que os arameus ouvissem ruídos de batalha e pensassem que Israel havia contratado os hititas e os egípcios para ataca-los. Com medo o exército fugiu e deixou o acampamento vazio. Os leprosos entraram numa tenda e comeram até se fartarem, também pegaram prata e ouro, além de roupas para si.
- Sabe quem ia gostar disso? - perguntou Maquir - O Geazi, aquele cara era bem interesseiro.
- É ele ia querer ficar com tudo pra ele. - continuou Eliezer - Mas, espera aí, não estamos sendo egoístas demais.
- Eliezer tem razão- começou Ofni - deveríamos voltar e contar as boas novas na cidade, hoje não é um dia de ficarmos calados.
- Além do mais se esperarmos até o amanhecer seremos castigados. - completou Isaque.
Os quatro leprosos foram e contaram tudo aos sentinelas da cidade que por sua vez deram as boas novas ao povo. Mas o incrédulo rei Jorão, ficou com uma pulga atrás da orelha e achou que aquilo fosse uma armadilha do exército de Ben-Hadade. Aconselhado por um conselheiro o rei mandou um pequeno destacamento para checar, mas tudo que eles acharam pela estrada foram rastros de uma fuga rápida. Os portões foram abertos e o povo foi saquear o acampamento inimigo. Pegaram tanta coisa que produtos foram vendidos muito baratos como havia sido prevido por Eliseu, teve tanta confusão com essa "liquidação" que o oficial do rei que havia duvidado de Eliseu e que havia ficado como encarregado do portão foi atropelado pela multidão e morreu.
- Sabe Ofni, - começou Maquir - nós nunca acreditamos verdadeiramente que o Eterno podia nos livrar dos arameus.
- Nossa condição - continuou Eliezer - nos tirou a fé.
- Mas você sempre nos disse que devíamos confiar nEle. - completou Isaque - Sabe, já fazem dois anos desde que aquele milagre aconteceu, nós três estamos curados e vamos seguir nosso caminho, mas quero que saiba que as coisas que você disse sempre nos influenciarão.
- Obrigado amigos. - respondeu Ofni, ele ainda estava e naquela mesma noite morreu.
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