sexta-feira, 6 de março de 2015

História da Semana #84 - Liberdade

Você já se imaginou nos dias de Jesus? Já imaginou testemunhar os milagres ocorridos nos primórdios da igreja cristã e ouvir os eloquentes sermões de Cristo? Deve ter sido ótimo poder presenciar estes momentos tão agradáveis. Você não sonha em ser um dos discípulos, alguém que foi curado ou simplesmente uma testemunha ocular. Ser um simples pastor que viu Jesus nascer ou um soldado que fez a guarda durante um sermão seria ótimo. Uma das pessoas que teve essa importunidade foi um carcereiro. Acompanhe o dia dele e descubra ao lado do carcereiro o que é ser transformado pelo amor de Deus.


 Aquela fora uma manhã normal para o carcereiro. Ele havia acordado cedo após ter aproveitado uma das poucas oportunidades de passar a noite dormindo em casa, pois normalmente ele passava a noite cuidando dos prisioneiros na cadeia da cidade de Filipos. Ele foi trabalhar, passou pela padeiro no caminho e comprou um pequeno pedaço de pão para comer durante sua primeira ronda. Logo que chegou a prisão cumprimentou o porteiro e dispensou o carcereiro que o havia substituído durante aquela noite. Conferiu todas as celas para ver como estavam os prisioneiros. Ele conhecia a todos, afinal passava a maioria do tempo com eles e as vezes conversava com alguns. Eram ladrões, assassinos, rebeldes e criminosos do pior tipo. Mas ultimamente haviam chegado muitos prisioneiros do grupo dos chamados cristãos. Eram homens calmos que não haviam feito mal a ninguém, mas eram acusados de perturbarem a ordem. Naquele dia mais dois desses cristãos chegaram, o soldado que os trouxe disse que haviam sido açoitados e deveriam ficar presos. O carcereiro perguntou se eles não eram cidadãos romanos. Mas o soldado disse-lhe que os líderes da cidade e os acusadores haviam dito que eram judeus. O carcereiro deu de ombros e os encaminhou a sua cela. Ele os colocou no carcere interior que ficava no subsolo e tinha pouca entrada de luz, além do mais era muito úmido e tinha um cheiro nada agradável, cortesia do último prisioneiro que esteve ali, ele havia sido assassinado por tentar fugir e seus restos ficaram ali durante alguns dias, antes dos guardas acharem seus familiares para entregar o corpo. O carcereiro também prendeu os pés deles num tronco, ele os encarou como se os conhecesse, mas notou algo diferente neles, ao invés de desespero havia paz em suas faces e ao invés de praguejarem um deles lhe perguntou:
- Você me conhece de algum lugar?
- Não! - respondeu o carcereiro tentando demonstrar uma certa superioridade.
Ele se retirou sem entender e um pouco surpreso. Na verdade ele os conhecia, no dia anterior os havia visto pregar e até parou um pouco para ouvir, mas os afazeres do dia a dia não o permitiram ficar muito. Ele sabia que eles se chamavam Paulo e Silas, também havia ouvido alguém comentar que viajavam por várias cidades falando de Jesus. 
O carcereiro continuou com suas tarefas, naquele dia ele teve de comunicar a um prisioneiro que seria executado, foi um momento delicado para ele, não gostava de ver pessoas serem mortas, mas ainda assim sabia que tinha que cumprir a lei romana, esse era seu trabalho. A tarde passou, o sol se pôs e enfim caiu a noite. Naquela noite o carcereiro ficou ali para vigiar os prisioneiros. Era um momento que ele não gostava, era tão solitário, a maioria dos presos dormia e raramente algum outro guarda ficava lhe fazendo companhia e ele nem podia pegar no sono, pois os prisioneiros podiam tentar fugir. Ele havia recebido ordens para ficar de olhos bem abertos com Paulo e Silas, os novos prisioneiros cristãos, mas ele havia constatado que eles praticamente não ofereciam nenhum perigo. Era por volta da meia-noite, o carcereiro já havia ouvido Paulo, Silas e alguns prisioneiros cristão orando, agora eles estavam cantando. O carcereiro se perguntava de onde tiravam forças para cantar com tanto entusiasmo em um momento tão difícil, só pode ser esse Deus deles, pensou ele. Eram hinos muito bonitos e apesar da voz um pouco desafinada dos presos o carcereiro apreciou muito as músicas. De repente o chão começou a tremer, o carcereiro estranhou e de repente o chão tremeu mais ainda, era um terremoto. O tremor durou alguns minutos e a prisão desmoronou, fazendo com que as grades caíssem e os prisioneiros se soltassem. Quando tudo acabou o carcereiro se levantou atordoado e se deu conta, havia deixado os prisioneiros fugirem. Ele logo pegou sua espada para se matar, achou que o matariam por isso, ele pensou em sua família, mas tomou a decisão, iria tirar a própria vida. De repente um grito irrompeu o ar, era Paulo o prisioneiro cristão:
- Não faça isso! Estamos todos aqui.
O carcereiro respirou aliviado, não só os prisioneiros cristãos estavam ali, mas sim todos até os criminosos que nem sabiam quem era Jesus. De alguma forma os belos cânticos também haviam impactado os outros prisioneiros, pelo menos por hora. O carcereiro logo se prostrou aos pés de Paulo e perguntou:
- O que preciso fazer para ser salvo?
- Creiam no Senhor Jesus e serão salvos, você e sua família. 
Alguns minutos depois alguns guardas chegaram e conduziram os presos para outros lugares, mas o carcereiro assumiu a responsabilidade por Paulo e Silas e disse que apresentariam sua defesa depois. Ele usaria sua influência para libertá-los. Ao saírem dali Paulo e Silas pregaram ao carcereiro e sua família  que se converteram. Paulo e Silas foram libertos quando descobriram que eles eram de fato cidadãos romanos. O carcereiro agora cristão se demitiu de suas funções para viver uma vida de acordo com suas crenças.

Anos depois naquela mesma prisão o carcereiro agora era prisioneiro, era acusado dos mesmos crimes que Paulo fora. O carcereiro atual o reconheceu e disse-lhe.
- Eu conheço você. Você trabalhava aqui. O que fez para ser preso?
- Eu virei cristão.
- E valeu a pena?
- Quando eu era carcereiro eu prendia as pessoas e me sentia livre. Hoje eu percebo que na verdade eu é que estava preso. Preso ao pecado e agora minha liberdade é real e eterna.


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