Um novo dia amanhecia na metrópole de Zorá, outrora uma pequena cidade próxima a fronteira do país, agora Zorá era um centro político e espiritual do império israelita. Israel era um verdadeiro império, suas fronteiras se estabeleciam do Mar Mediterrâneo (sendo algumas da ilhas do Mediterrâneo pertencentes aos hebreus) passando por toda Canaã e se expandido para o oriente, norte e sul, pegando parte do território controlado pelos egípcios alguns anos antes, chegando próximo ao mar vermelho, ao norte beirava o Império Heteu e passando do Eufrates para leste. Junto dos egípcios, sírios e fenícios eles dominavam a Palestina e o que hoje chamamos de Oriente Médio. O reino possuía várias capitais, afinal seu território vasto exigia uma complexa organização política, mas o principal líder dos israelitas repousava em Zorá, uma lendária cidade. Ascalom era outra cidade importante, antes uma cidade pagã filisteia, agora representava o principal porto de comércio com os gregos, o maior império da época. A religião monoteísta era praticada em todo o mundo, visto tudo que a divindade israelita havia feita a seu povo, provando sua onipotência. Em Hazor, o líder israelita já estava de pé, desde muito antes do sol nascer. Ele ia a um bosque próximo de sua casa onde orava por longas horas e refletia sobre seu passado. Em sua mente vinham as longas batalhas que travou no início de tudo, quando tudo dependia de libertar as tribos das mãos filisteias, do tempo em que os campos não eram seguros e que o tributo era pesado, do tempo de sua juventude, a juventude do maior juiz da história de Israel, a juventude de Sansão.
O barulho dos pássaros cantando inundavam o bosque e ajoelhado sobre uma pedra, um experiente, mas muito forte homem terminava sua prece: "Obrigado por tudo que me deste, amém." Ao terminar a oração, sentou-se na pedra e começou a relembrar. 80 anos antes, sua mãe estéril, ficou grávida e recebeu a mensagem de um mensageiro do Senhor, seu filho libertaria Israel do jugo filisteu, mas para isso deveria ser consagrado como nazireu. Um nazireu era uma pessoa que fazia um voto a Deus, não cortando o cabelo, nem a barba, não bebendo coisas fermentadas ou se alimentando de animais impuros. Ao nascer, Sansão, foi consagrado e cumpriu o voto por toda a infância. Sua mãe o ensinou todas as leis de Deus e desde cedo foi ensinado sobre seus propósitos como libertador. Viver numa região fronteiriça não era fácil. O povo vivia na idolatria e se misturava com os filisteus, mas Sansão tinha de se manter longe. Além disso, saques dos filisteus e ataques de animais do deserto eram frequentes. Sansão, ao crescer se tornou um sentinela de sua cidade. Sua força sobre-humana o destacou e ele comandava os habitantes de Hazor contra invasões. Em sua juventude foi tentado várias vezes. A influência de amigos o levou ao território inimigo e lá era inevitável que se envolvesse com os incircuncisos. Sua força e longos cabelos atraíam a atenção das jovens filisteias. Mas Sansão foi educado com base na lei de Deus. Todas as vezes que estava prestes a descumprir seus votos ele recitava as leis de Deus. Com o tempo passou a carregá-las nos braços para lembrar-se delas. Nunca se esquecera da vez em que quase se envolveu com uma prostituta estrangeira chamada Dalila, se não fosse uma tamanha força de vontade, sua vida poderia ter mudado bruscamente. Um dia, decidiu se afastar totalmente dos filisteus e começar seu ministério de libertador. Casou-se com uma bela moça nobre da tribo de Dã e, com isso, teve dinheiro para financiar suas campanhas militares. Conseguiu com ferreiros estrangeiros espadas, lanças e escudos, saqueou pequenas cidades filisteias e logo conseguiu o apoio de várias tribos israelitas. Durante dois anos esteve empenhado em conseguir libertar o povo até que um dia, durante uma festa com milhares de pessoas no templo de Dagom em que os reis e nobres filisteus se encontravam, Sansão e seu exército atacaram o templo de surpresa, matando todos e destruindo os ídolos. A partir daquele dia, sem rei e generais, os filisteus duraram pouco tempo no campo de batalha, sendo subjugados e esmagados pelas forças do forte e sábio Sansão. O líder de cabelos longos ganhou fama por toda a Palestina e alianças militares foram feitas para resisti-lo. Independente disso, Sansão decidiu cumprir os objetivos de Josué, que foram travados com sua morte a dezenas de anos. Com sua missão primária cumprida, o juiz resolveu cumprir os propósitos divinos originais, desde os tempos de Abraão e conquistou Canaã inteira. Uma reforma espiritual foi feita no povo de forma que isso os fortaleceu, levando-os a conquistarem diversos territórios. As leis dadas a Moisés no deserto foram postas em vigor integralmente e o Sansão prosperava em tudo. As colheitas eram fartas, não haviam secas e pragas. Alianças políticas e militares com os maiores reinos do mundo foram feitas. Israel era um reino do jeito que Deus havia planejado. Sansão se dedicava agora a administrar as riquezas e conter pequenos ataques as fronteiras. Sansão já estava velho, sua sabedoria aumentara, mas a força diminuíra, embora fosse considerável. Logo, sabia ele, sua força iria embora e sua vida também. Era grato a Deus por tudo. Naquele dia, ele fez tudo normalmente, mas quando a noite chegou, sentiu a brisa no rosto, uma paz tomou conta de seu coração, sentia que sua vida estava no fim, deitou-se sobre a cama e olhou pelas janelas, no horizonte, o longo território que conquistara. Uma última vez, recitou sua oração: "Obrigado por tudo que me deste, amém." Ali morreu Sansão, libertador do povo de Israel, filho de Manoá, que deixou como legado um povo forte espiritualmente e politicamente.
O mais triste nesta história feliz é que ela nunca aconteceu. É apenas uma imaginação, um possível futuro se Sansão realmente tivesse sido fiel a seus votos, mas, ao contrário, não resistiu as tentações impostas por Satanás. Se entregou aos prazeres mundanos e acabou perdendo sua força para a promiscuidade. Seu objetivo inicial, libertar o povo, foi cumprido com o auto custo de sua vida. Embora tenha morrido com fé em Deus, Sansão teve de colher as consequências de seus pecados. A história acima é apenas um vislumbre do que poderia ter sido a vida de Sansão. Deus está sempre disposto a nos receber novamente , mas somos obrigados a colher o que plantamos, o que você pode ser se se entregar a Deus e cumprir seu propósito?
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